quinta-feira, 10 de julho de 2008

A Origem do xadrez...

A origem exata do xadrez é misteriosa, conhecendo-se, até o presente momento, cerca de quarenta lendas a este respeito. Uma dentre elas menciona o herói grego Palamedes como o criador do xadrez, durante o cerco de Tróia, com o objetivo de distrair seus guerreiros. A tradição mitológica indicava Palamedes como um personagem de grande criatividade, atribuindo-lhe, entre outras invenções, o alfabeto e os números.
Entretanto é no Noroeste da Índia que se encontram as primeiras fontes arqueológicas reconhecidas como verdadeiras. Aproximadamente no ano 570 de nossa era, nasce o "jogo dos quatro membros" (Chaturanga, em sânscrito), o ancestral direto do xadrez. Participavam dele quatro parceiros, possuindo cada um oito peças, sendo um Ministro (mais tarde a Rainha; no presente, a Dama), um Cavalo, um Elefante (hoje o Bispo), um Navio (mais tarde uma Carruagem; nos nossos dias, a Torre), e quatro Soldados (atualmente os Peões), dispostos nos quatro cantos do tabuleiro de sessenta e quatro casas unicolores. As peças diferenciavam-se pelas cores pretas, vermelhas, verdes e amarelas. Os adversários jogavam individualmente e o lançamento de dados designava a peça a ser movimentada. Quando a face um do dado surgia movia-se um Soldado ou o Ministro. O número dois obrigava o movimento do Navio. O três movia o Cavalo. O quatro movia o Elefante. Caso o dado mostrasse o número cinco ou seis, eles eram considerados, respectivamente, um ou quatro.
A evolução deste jogo indiano fez-se em três etapas:
Supressão dos dados. Esta modificação excluiu o fator sorte e os jogadores passaram a contar apenas com seus raciocínios para vencer.Reunião dos adversários diagonalmente opostos. Os pretos e verdes opunham-se aos vermelhos e amarelos. Após a vitória parcial, os dois membros restantes disputavam entre si a vitória definitiva. Substituição das alianças diagonais por alianças lado a lado. Esta mudança denota o nascimento da noção de estado em detrimento das sociedades tribais.
Por ocasião das trocas comerciais e culturais entre países vizinhos, o Chaturanga é exportado em duas direções:
Para o Leste, onde ele transforma-se no "jogo do elefante (Siang K'i, na China) e no "jogo do general" (Tjyang Keui, na Coréia, Sho-gi, no Japão).Para o Oeste, onde ele é chamado de "jogo de xadrez" (Chatrang, na Pérsia) e conhece uma imensa popularidade. Ainda na Pérsia é criada parte do vocabulário enxadrístico utilizado até hoje, e o número de parceiros é reduzido a dois (brancos e vermelhos). Simultaneamente, cria-se uma nova peça:O Xá (Rei). Na literatura persa, Fidursi (940-1021) em sua poesia épica Schanamekh, o livro dos reis, refere-se a um presente de altíssimo valor oferecido pelo embaixador indiano ao rei persa Chosroes I, cujo reinado foi de 532 a 579.O presente nada mais era do que um rico tabuleiro com suas peças.
Assim, o Chaturanga passou da Índia para o Irã, onde chamou-se Chatrang.
Por volta do ano 651 d.C., com a conquista da Pérsia, os árabes adotam este jogo, valorizando-o e difundindo-o por todo o Norte da África, assim como por todos os reinos europeus dominados nos séculos seguintes, em particular para a Espanha (onde recebe, sucessivamente, os nome de: Acedrex, Axedres, Axedrez, Ajedrez), Portugal (Xadrez), a Sicília (Scachi Scacchi), a costa francesa do Mediterrâneo (Eschec, Eschecz, Eschecs, Échecs) e a Catalunha (Escacs, Eschacs, Scacs, Schacs, Eschacos, Schachos).
Os mais antigos manuscritos consagrados inteiramente ao xadrez, denominados Mansubas, aparecem em Bagdá, durante a Idade de Ouro Árabe. Não tendo em sua língua nem o som inicial nem o som final da palavra Chatrang, eles a modificam para Shatranj. Aproximadamente em 840, Al Adli, melhor jogador do seu tempo, publica um manuscrito Livro do xadrez (este original foi perdido).
Seu contemporâneo Ar Razi (847) escreve Elegância no xadrez e, no século seguinte, Al Suli ( 946) faz dois volumes do seu Livro do xadrez. Rabrab apresenta o Livro de problemas de xadrez (1140) com o primeiro estudo sobre o final Rei e Torre versus Rei e Bispo! (Até então, a vitória ocorria através do mate, do pate e do rei solitário).
No início do século IX o califa de Bagdá Haroun-al-Rachid (766-809) oferece a Carlos Magno (768-814) um jogo em mármore, hoje desaparecido. Conservam-se, no entanto, na Biblioteca Nacional de Paris, algumas peças denominadas Charlemagne...
No século XI, o xadrez é conhecido em toda a Europa, onde ele sofre uma curiosa modificação: o Ministro torna-se a Rainha!A transformação de uma peça masculina em Rainha pode ser considerada como um indício da crescente valorização da mulher durante o período medieval, mas também como metáfora de uma sociedade dominada por um casal monárquico.Porém, para o psicanalista Isador Coriat é possível que esta metamorfose tenha sido motivada por uma tendência a identificar-se inconscientemente o xadrez com a estrutura do complexo de Édipo, o Rei simbolizando o pai e a Rainha a mãe.
Pelo menos quatro obras hebraicas sobre o xadrez são escritas na Idade Média, sendo três delas em verso. A mais bonita é o Poema de Xadrez atribuído ao célebre rabino sefardita Abraham Ibn Ezrah (1092-1167), um dos mais notáveis representantes do Século de Ouro Espanhol (tradução de Reuven Faingold):
"Canto uma canção sobre uma batalha preparada, Antiga e imaginada em dias passados, Arranjada por homens de prudência e inteligência, Disposta em oito fileiras."
Assim inicia-se este importante poema de 76 linhas que descreve as regras deste passatempo composto por peças de duas cores, simbolizando os Etíopes (pretas) e os Edomitas (vermelhas).
Na Idade Média, o "jogo dos reis" adquire, rapidamente, o status de passatempo favorito da sociedade aristocrática européia, sendo proibida a sua prática entre os pobres. Recomenda-se começar sua aprendizagem aos seis anos de idade. As mulheres nobres não hesitam em sentar-se em frente do tabuleiro, mostrando-se, inclusive, tão hábeis quanto os homens. Estes, só têm o direito de entrar em um aposento feminino com o objetivo explícito de jogar xadrez.
A maior parte dos divertimentos são comuns a todas as categorias sociais (passeios, teatro, música, canto, dança, jogos de azar e de salão). Mas há outros, como os torneios (a cavalo), a caça e o xadrez, que são exclusivos da aristocracia, embora os espectadores possam pertencer a qualquer camada social.
Até o final do século XII, as casas do tabuleiro (seja ele de madeira ou de metal) eram monocromáticas, geralmente brancas, com os traços horizontais e verticais apenas esculpidos, às vezes realçados em vermelho.
No século XIII, as casas passam a ser divididas em duas tonalidades, o que facilita a visão dos lances e conseqüentemente, o raciocínio dos enxadristas.
Paralelamente, a Igreja católica proíbe a prática deste jogo, muito relacionada com apostas em dinheiro. Em 1212, o Concílio de Paris anatemiza o xadrez, após sua condenação pelos bispos Guy e Eudes de Sully.Esta sentença é confirmada na Polônia pelo rei Casimiro II e na França por São Luis (1226-1270). Pode-se, entretanto, admirar, nos dias de hoje, um belo jogo de cristal de rocha, conservado no Museu do Louvre de Paris, cuja propriedade remontaria ao próprio santo...
Estas proibições não surtiram os resultados esperados e o xadrez continuou a ser praticado pelos nobres e pelos religiosos, a tal ponto que o padre espanhol Ruy Lopez de Segura é reconhecido como o melhor enxadrista de sua época. Em 1561, ele publica um tratado impresso sobre a "abertura espanhola", ainda em voga em nosso tempo: Libro de la invención liberal y art del juego del axedrez. Esta obra foi traduzida para vários idiomas.
Nesta data, Ruy Lopez idealiza a criação do roque, lance que será aceito por volta de 1630 na Inglaterra, França e Alemanha. O roque não se efetuou sempre da mesma maneira. No início, o Rei e a Torre, que não haviam se movimentado, trocavam seus lugares. Mais tarde, uma das Torres instalava-se ao lado do Rei e este, no mesmo lance, saltava-a colocando-se em qualquer das casas adjacentes.
Embora não se conheça o inventor da captura en passant, coube a Ruy Lopez o mérito de difundi-la em 1560, aproximadamente, quando passou a adotá-la em suas partidas.
A possibilidade de o Peão avançar uma ou duas casas no início do seu movimento surge três séculos antes, durante o reinado de Alfonso X, o Sábio, quando aparece um dos primeiros manuscritos europeus: o Libro del acedrex (1283), conservado atualmente na Biblioteca do Museu Escorial de Madri.
Todavia, a invenção que revolucionará a estrutura do xadrez origina-se na Renascença Italiana (em torno do ano 1485), com o então chamado "o xadrez da rainha enlouquecida"! Até esta época a Rainha deslocava-se apenas em diagonal, e uma casa por vez.
Os Bispos acompanham a Rainha, passando a ter movimentos mais longos. Até esta ocasião, eles deslocavam-se em diagonal de duas em duas casas, com a particularidade de que podiam saltar outra peça.
Os Peões que atingem a última linha são promovidos a uma peça anteriormente capturada.
Em vinte anos as inovações espalham-se e as duas modalidades de xadrez coexistem por toda a Europa. A nova maneira de jogar imprime um maior dinamismo às partidas, devido à grande riqueza combinatória que ela proporciona, e o antigo xadrez é, rapidamente, relegado ao esquecimento.
Em 1619, Gioachino Greco (1600-1634) publica em Roma seu primeiro livro:
Trattato del nobilissimo e militare esercitio de scacchi, onde suas partidas já denotam uma audácia e um dom de invenção extraordinários para o ataque. Seu principal defeito_ é atacar sem ter mobilizado todas as suas peças. Il Calabrese, como era cognominado, representa o apogeu do estilo primitivo que ignora os objetivos intermediários (ganho de material, criação de Peão passado, etc.) e conhece apenas os ataques diretos ao Rei adversário.
Em 1737, o sírio Felipe Stamma publica em Paris o livro Le noble jeu des échecs, utilizando pela primeira vez na história um sistema curioso e sintético de anotação:A Notação de Stamma, mais conhecida, hoje, como "notação algébrica". Ela designa as casas do tabuleiro por duas coordenadas:
uma abscissa alfabética e uma ordenada numérica. Embora ofereça vantagens evidentes, pois é sucinta, uni-referencial (partindo sempre da base das brancas), e de fácil compreensão (independente dos idiomas dos enxadristas), ela precisará esperar quase dois séculos e meio para ser aceita a nível mundial:Desde 1980 é, enfim, o único sistema de notação reconhecido pela Federação Internacional de Xadrez - FIDE.
Porém, se os gênios enxadrísticos dos séculos XVI e XVII foram, respectivamente, o espanhol Lopez e o italiano Greco, o astro indiscutível do século XVIII foi o francês François-André Danican Philidor, que publicou, em 1749, L'Analyse du jeu des échecs. Nesta obra, o xadrez é apresentado como ciência, possuindo princípios teóricos próprios. A célebre expressão "os peões são a alma do xadrez" irá modificar de forma radical a conduta da partida. É possível que este "Copérnico" do xadrez tenha sido influenciado pelos filósofos Diderot, Voltaire e Rousseau, que, por outro lado, muito influíram para o advento da Revolução Francesa.
Além disso, no final de sua obra, ele propõe um dos primeiros regulamentos enxadrísticos:
Casa branca à direita do jogador;Peça tocada, peça jogada;Peça largada, lance efetuado;Promoção ilimitada;Captura en passant;Roque; etc.
Algumas propostas, tais como a obrigatoriedade de dizer-se "xeque ao rei", não foram aceitas; outras, como a promoção ilimitada, irão dividir a comunidade enxadrística por um século, antes de impor-se. Atualmente, se existem regras internacionais, muito se deve a Philidor.
A situação de pate ilustra bem o caos em que se encontravam os jogadores:Na Arábia e na Espanha o lado imobilizado perdia a partida. Ao contrário, na Itália (por sugestão de Greco) e na Inglaterra o pate ganhava a partida! Na França e em outros países considerava-se empate.
Philidor era também um grande músico: foi o criador da ópera-cômica.Foi ainda recordista mundial, jogando três partidas simultâneas "às cegas".(Este recorde foi superado várias vezes, desde então, até 1951, quando Koltanowski, sem ver os tabuleiros, enfrentou cinqüenta adversários!).
Em 1813, o periódico inglês Liverpool Mercury inicia a publicação da primeira crônica enxadrística.
Em 1836, surge em Paris a primeira revista inteiramente consagrada ao xadrez:Le Palamède, assim intitulada em homenagem ao herói grego.
Em 1850, a promoção ilimitada e o pate são definitivamente aceitos e no ano seguinte abre-se a era moderna do xadrez com o Primeiro Torneio Internacional de Mestres, disputado durante a Primeira Exposição Universal de Londres. Este torneio foi vencido pelo alemão Adolf Anderssen (1818-1879), um professor de matemática, considerado o maior representante da Escola Romântica, sempre sacrificando material em busca do xeque-mate. Anderssen associa um perfeito conhecimento da teoria em vigor com a grande imaginação dos primitivos, destacando-se por seus mates de Bispos e Cavalos, construídos após sacrifícios de Dama e/ou Torre(s). Duas de suas partidas, popularmente conhecidas como Sempreviva e Imortal, tornaram-se célebres na história do xadrez.
Durante o Torneio de Londres (1851), Anderssen venceu uma partida amistosa, inaugurando o Sacrifício Imortal das duas Torres brancas.
Evocar todos os sucessores de Anderssen seria tedioso, mas como falar do xadrez moderno sem citar Wilhelm Steinitz (1836-1900) e Emanuel Lasker (1868-1941)?
Com o primeiro, o positivismo filosófico entra no mundo deste jogo, apresentando-o como um sistema lógico fechado, com regras bem definidas e estáticas.
Steinitz é considerado o criador da Escola Clássica, distinguindo-se por lances profundamente lógicos que visam a realização de planos inovadores:Exploração de erros microscópicos (peões isolados, casas fracas, peças sobrecarregadas,...), paralisia progressiva das peças do adversário, bloqueio central antes de atacar nas alas, maré de peões, etc.
Mestre da defensiva, mais que da ofensiva, grande especialista em aberturas fechadas, Steinitz é considerado o "pai" do Gambito da Dama, além de ter contribuído para o aperfeiçoamento de inúmeras outras aberturas, entre elas : Gambito Evans, Gambito do Rei, Giuoco Piano, Abertura Escocesa, Abertura Ponziani, Ruy Lopez, Abertura Vienense, Defesa Francesa, Defesa Holandesa e Defesa Petrof. Steinitz, que na sua juventude jogava no estilo romântico, sintetizou e renovou completamente a teoria de sua época, sendo ainda um dos maiores finalistas de todos os tempos. Foi, talvez, o pensador mais original e profundo de toda a história enxadrística. Apesar disso, quando o peso da idade já se fazia sentir, perdeu o título de Campeão do Mundo em 1894 e morreu em extrema pobreza alguns anos depois.
Seu vencedor, Emanuel Lasker, foi a maior personalidade da história do xadrez. Lasker, Doutor em filosofia (seguidor de Schopenhauer), era também teatrólogo e um bom matemático (tendo escrito um livro no campo da álgebra). Em 1895, publica o seu Common Sense in Chess (Bom-senso em xadrez) onde apresenta o xadrez e a vida como uma constante luta e procura desvendar os princípios fundamentais que regem a conduta da partida.
Seu estilo de jogo extremamente pessoal e que poderíamos chamar de "dialético", consiste em desequilibrar a posição, nem sempre realizando as melhores jogadas, mas sim as mais desagradáveis para cada adversário. Seus lances arriscados, e até teoricamente incorretos, levavam a luta psicológica ao paroxismo, induzindo, com freqüência, o oponente ao erro à derrota.
De todos os campeões mundiais, ele é aquele que mais colocou seu título em jogo: sete vezes, perdendo-o, apenas em 1921, para o cubano José Raúl Capablanca, após 27 anos de reinado.
Nesta época, alguns preceitos fundamentais da Escola Clássica de Wilhelm Steinitz, cujos principais representantes são Siegbert Tarrasch (1862-1934), o já mencionado Emanuel Lasker e Akiba Rubinstein (1882-1961), são questionados por um grupo de jovens mestres oriundos sobretudo do leste europeu.
Assim, inicia-se a chamada Escola Hipermoderna, cujos maiores representantes foram o tcheco Richard Réti (1889-1929), o húngaro Gyula Breyer (1893-1921), o russo-francês Xavier Tartakover (1887-1956) o letão-dinamarquês Aron Nimzovitch (1886-1935), o austríaco Ernst Grünfeld (1893-1962) e, mais discretamente, o russo-francês Alexander Alekhine (1892-1946).
A essência do hipermodernismo, que foi comparado na Pintura tanto ao Impressionismo quanto ao Cubismo, baseia-se em sua descrença dos dogmas clássicos. Ele ampliou os horizontes da conduta da partida, com a contribuição de novas teorias que não negavam a importância do centro, mas propunham um método inovador para controlá-lo à distância, sem ocupá-lo:Os Bispos em fianchetto (nas maiores diagonais do tabuleiro). Assim, o centro de peões do inimigo poderia ser atacado com o auxílio dos Cavalos e dos Peões laterais.
Estas novas idéias foram apresentadas por Réti em numerosas obras, entre as quais destacam-se Die neuen Ideen im Schachspiel (As novas idéias no jogo de xadrez) (1921) e Die Meister des Schachbretts (Os mestres do tabuleiro de xadrez) (1930). Estes dois livros foram capitais para a evolução do xadrez.
Enquanto Nimzovitch, Grünfeld e Alekhine desenvolveram novos sistemas defensivos para as pretas, Réti criou para as brancas uma variedade de aberturas: o "Sistema Réti". Ele foi um notável estrategista e um genial compositor de finais.
Em 1924, é fundada em Paris a Fédération Internationale des Échecs FIDE, que conta atualmente com 175 países membros (a segunda maior federação esportiva do mundo, visto que a FIFA possui 180 filiados). Sua divisa Gens una sumus (somos um só povo) proclama com orgulho (e ingenuidade) os ideais de seus iniciadores.
Em 1946, Alekhine, que detinha o título de campeão mundial, arrebatado em 1927 a Capablanca, morre solitário em um hotel de Lisboa. A FIDE assume então a organização dos campeonatos mundiais de xadrez, e promove, em 1948, a primeira disputa do título mundial sob suas próprias regras, através de um torneio reunindo os cinco mais fortes grandes mestres da época. Venceu esse histórico torneio, tornando-se o primeiro campeão mundial da FIDE, o engenheiro eletrônico, cidadão soviético, Mikhail Botvinnik (1911-1995).
Botvinnik foi o patrono da Escola Soviética, na qual se destacam os campeões mundiais Vassili Smyslov, Mikhail Tal, Tigran Petrosian, Boris Spassky, Anatoli Karpov e Garri Kasparov.
Em dezembro de 1986, a FIDE e a UNESCO criam, em Paris, a Commission for Chess in Schools, que representará um importante papel na difusão, no ensino e na democratização do xadrez enquanto instrumento pedagógico utilizado nas escolas.
No Brasil, em 1993, o Ministério da Educação e do Desporto (MEC) financiou os custos de produção e impressão de 15.000 exemplares do livro Xadrez: cartilha, distribuídos gratuitamente em centenas de escolas públicas do país.
Após mais de quatorze séculos, continua crescente o interesse despertado pelo xadrez, pois suas inúmeras mudanças vieram sempre ao encontro das aspirações dos homens. É de se esperar, portanto, que com a rápida evolução da sociedade moderna, novas modificações serão incorporadas, em breve, a este belo esporte.

Nenhum comentário: